Oi, gente! Aqui estou eu, de novo, depois de um longo tempo!

Muita coisa aconteceu em minha vida profissional, desde nosso último papo. Coisas novas e boas, mas um pouco diferente daquilo que eu planejava na última coluna. Nada a reclamar, pelo contrário, porque acredito que as coisas acontecem de certa forma. Aproveitar ao máximo o que a vida nos dá, é o mais importante.

Esse 2018, que se apresenta bem diferente, celebra os 60 anos da Bossa Nova. Sim, essa vertente musical de tamanha importância em nossa identidade cultural, que nos apresentou nomes que chegaram a quase todos os rincões mundo a fora, que influencia todas as gerações seguintes e que ainda nos emociona, virá uma bela senhora de 60 anos.

Por isso venho falar de Bossa, uma outra Bossa…

João Sabiá nasceu e cresceu ouvindo Bossa Nova e tudo o que a boemia carioca poderia lhe servir. Nascido e criado em Copacabana, foi no “Sambalanço” que seus primeiros passos musicais surgiram. 

O “Sambalanço” surgiu quase ao mesmo tempo que a Bossa Nova, e há quem diga ser um ritmo oriundo dela, ou até mesmo uma outra leitura da Bossa. Logo não seria difícil perceber a Bossa Nova em João Sabiá. São 10 anos de carreira, com 4 discos lançados no Brasil e exterior, turnês pelo Brasil e também mundo afora. Sua música não se restringe à Bossa Nova, apesar da grande influência, é fácil notar o clássico do MPB, Soul, Jazz e Samba. Muito normal para um cara que cresceu ouvindo de tudo.

João participou do reality musical “Fama”, na TV Globo, em  2004, sendo finalista desta edição. Ao sair, gravou seu primeiro álbum, “Pisando de Leve”, lançando em 2006. O álbum tem as cores carregadas no sambalanço e já mostra o caminho que João trilharia em sua carreira, sem desvios, sua verdade.

Seguiu se apresentando no Rio de Janeiro, na Lapa e nas principais casas da cena do MPB carioca, juntando experiência e material para seu segundo disco, lançado em 2010, “My Black, My Nega”. Ainda com o Sambalanço e o Samba-rock como assuntos principais.

Paralelamente à música, como ator, João esteve em novelas da Rede Globo e Record, além de dois filmes longa-metragem. Dedicado e talentoso, colheu muitas experiências que diz o ajudar muito, naquilo que entende ser sua vocação, a música.

Decidido a focar na música de corpo e alma, em 2014 lança “Nossa Copacabana”, disco autoral onde João celebra sua história com o bairro em que cresceu. Neste disco, um compositor maduro se encontra com o cantor de voz firme e muito à vontade com suas decisões artísticas. Foi neste disco que tive o primeiro contato com a obra de Sabiá. Fiquei fã do seu jeito de cantar e logo vi que para ter Bossa, você poderia nascer muito tempo depois de 1960. Afinal, Bossa, você tem, ou não! João tem!

Com letras que retratam o cotidiano, citando pessoas e situações rotineiras, é trilha perfeita para uma tarde de sol, largado em uma varanda da casa. Minha preferida é “Meu Iê Iê Iê””, balanço bom de refrão pra cantar bem alto, me fazendo lembrar de quando você ligava o rádio e tocava Hyldon, Black Rio, e tantas músicas boas. Muito bom!

Em meados de 2016, João se muda para São Paulo e começa a se embrenhar na noite paulistana e logo surge o projeto Roda Fina, tocando gafieira para a Vila Madalena dançar. Como não tem um set list fechado, João comenta comigo que o Roda Fina o fez amadurecer como cantor e músico, além de poder “jogar” no meio de cada set, algumas de suas canções, inclusive as inéditas.

Desse laboratório surge seu quarto e mais recente álbum. Em “João”, Sabiá deixa correr soltas algumas idéias que ele já havia comentado comigo que tinha vontade de experimentar, como inserir elementos contemporâneos a seu Sambalanço, deixar o POP fluir e se mesclar com a Bossa e toda a maresia que lhe é peculiar. Aqui vale salientar que João nunca se propôs qualquer tipo de puritanismo estético quanto ao som que sua música trás. Adora experimentações, e fica bem claro nesse seu mais recente álbum, que isso só trouxe benefícios à sua obra.

Em alguns momentos, sinto estar à beira do mar, sol na cara e uma sensação nostálgica muito boa. Em outros momentos, um frescor nas idéias e melodias audaciosas, dignas de uma noite de Jazz. Gosto das cores que Sabiá propõe, gosto da forma como ele sacode a poeira do MPB, mesmo que não flerte com as grandes massas, impossível não notar o talento e a dedicação deste boa praça!

 

Minhas preferidas são “Me Responda”, em dueto com Luiza Possi, e “Eu Já Me Acostumei”. São as duas canções mais Pops do disco, com um namoro sério com as     baladas dos anos 60 da Motown, o que eu simplesmente adoro! Fico feliz que “Eu Me Acostumei” tenha ficado linda na voz do seu autor, porque está numa lista secreta de canções que eu pretendo gravar.

 

Por enquanto deixa ele cantar… Canta, Sabiá!